Gente Mascarada - Por L.R.
Muita gente importante fantasiada, algumas com adornos caros se aglomeravam na entrada do salão todo enfeitado de cortinados brancos. Mesas impecáveis com seus pratos de porcelana, talheres de prata e taças de cristal. Enfeites de flores vermelhas, cadeiras cobertas, garçons servindo os convivas, orquestra tocando música animada em vários ritmos, alguns casais já conversando sentados, de pé, dançando, alguns dentro do salão, outros nos jardim que se unia a ele e que era todo frescor, cores e aromas.
No meio a esse glamour todo de gente deslumbrada, não se via ninguém com seu rosto descoberto, limpo, sem maquiagem. Todos estavam pintados ou usando máscaras de todo tipo: de super-heróis, de políticos, de jogadores de futebol, de palhaços, de animais, de monstros terríveis que eram personagens de ficção, máscaras de cantores e artistas famosos, tudo numa mistura interessante e num entrosamento total de personalidades. Podia-se até dizer que combinavam entre si; mas sabemos que na realidade cada um, não era exatamente o que sua máscara representava.
Era só fantasia de sua imaginação, vontade de por um momento, deixar de ser ela mesma para ser aquela personagem pitoresca, séria, importante, inescrupulosa, irreal, célebre, atlética, animalesca ou poderosa.
O deslumbramento de assumir uma personalidade não somente superficial, mas até na íntegra, fazia com que alguns imitassem o próprio, no discurso, na voz, nas posições, nos gestos, no porte, e aqueles que assim o faziam provocavam algazarra, risos. A festa tomava um rumo teatral, encenando-se cenas improvisadas que era motivo de formação de público em roda, aplaudindo os que tinham capacidade para tal, e eram muitos os políticos fazendo discursos de campanha eleitoral , palhaços dando espetáculos de cair e se estapearem uns aos outros, animais sendo imitados, cantores covers subiam ao palco cantando suas próprias canções, jogadores fazendo embaixadas, super heróis dando demonstrações de poder, monstros assustando as mocinhas.
Quando o relógio do salão marcou quatro horas da manhã os anfitriões subiram ao palco e anunciaram que todos deveriam tirar suas máscaras. Assim, a contra gosto, todos o fizeram. A partir desse momento os olhares foram trocados e percorridos pelo salão, enquanto uns se afastavam dos outros e as vozes foram silenciando, outros grupos foram se formando. A música era agora mais calma, mais clássica, mais melancólica, risos baixos com mão na boca, dar de ombros, olhares de soslaio e, enfim, as máscaras esparramadas sobre as mesas, máscaras caídas no chão, abandonadas no palco, não pertenciam a mais ninguém. O clima festivo chegara ao fim, muitos saíram, outros ainda acalentados por um tempo, enquanto houvesse música e bebida.
Há uma distância dali, em um carro, três máscaras também haviam sido tiradas. Três rapazes que se haviam fantasiado de políticos, teciam considerações sobre a festa, enquanto conferiam o produto do roubo. O que mais os surpreendiam, é que nunca em sua vida haviam praticado tal coisa.
Era inacreditável que tinham incorporado tão bem o seu papel.
Criado por Lavínia Ruby em 31/03/10. mariegracev

Nenhum comentário:
Postar um comentário