Perseguição - Por L.R.
Continuava tudo igual; não era um novo fato e nem mesmo um pesadelo, era a realidade. Estar agora meio desperta sobre sua cama forrada de cetim, trêmula, vendo este quarto luxuoso que há algumas horas já estivera; incrédula, entre os braços de quem mais detesta; enojada, sentindo seu hálito no ouvido e seus beijos loucos de desejo; apática, sentindo aquelas mãos tocar seu corpo; surda, às suas palavras de amor; desesperada, envolta por suas carícias e por seus quentes beijos; sufocada, quase a perder os sentidos. Novamente dormir e acordar depois de algumas horas com ele ao seu lado ainda lhe acariciando os cabelos; seus olhos espantados observarem os dele que ainda não estão totalmente satisfeitos e ela estafada até a alma com essa entrega louca. É assim que não podendo mais aguentar esse amor excessivo, possessivo, dominador, extasiante, queria fugir de Ricardo, porém, covarde, está de novo ali, na cama com seu marido: violento amante e perseguidor.
Mais tarde está novamente na rua; vigiando todos os lados. Não, não pode estar sendo seguida, tem certeza que conseguiu despistar novamente seu segurança. Bem vestida e chique como sempre, nos seus sapatos de salto alto escandalosos, no seu vestido de seda azul colado ao corpo, toma rapidamente um táxi e se dirige àquele escritório. Quem sabe lá encontrará quem procura. Esqueceu as horas com Ricardo. Sabe que ele a ama desesperadamente, mas ela não o ama, ela ama outro. Ela se entrega a seu marido, mas não é dele que seu coração anseia. Vai à procura de Sérgio. Abre todas as portas, está tão necessitada de vê-lo e quando o encontra enlaça em seu pescoço impetuosamente e ele mais que depressa a repele brutalmente e grita:
_Eu não quero que venha aqui me procurar. Será que não entende, Penélope? Foi só um momento de fraqueza. Você realmente não é a mulher de minha vida; estava enganado! Quero você bem longe de mim.
Pega o paletó. Joga-o sobre os ombros e vai saindo depressa, quase correndo, e ela por um momento fica muda e depois sai em seu encalço, e ele bate a porta atrás de si, fecha a porta do elevador em sua cara, e ela desce rapidamente as escadas querendo encontrá-lo lá embaixo, mas ele já está fora do prédio e já dá a partida no carro, e ela procura novamente um táxi, e com lágrimas nos olhos o persegue até que ele some em meio ao trânsito, e ela alucinada se desespera:
_Ele não me ama!
Sérgio nesse momento está à procura de Marisa.
_ Sim,é ela que roubou meu coração. Penélope que não insista. Só quero Marisa. Deve estar ainda no hospital terminando o seu plantão. Como vou convencê-la a sair comigo? Mas daquela vez ela não negou, mas deixando bem claro que não me ama. Disse que ama seu marido com loucura... Devo insistir!
_É ela: Marisa!
_Que quer? Já disse que não me procure.
_Estou louco por você. Vamos comer alguma coisa?
_Está bem! Aceito conversar com você, mas não tenha esperança.
No restaurante:
_Olhe, Sérgio! Eu não quero trair meu marido. Foi um erro ficar com você aquela noite. Estava cansada e me entreguei sem reagir, mas agora estou firme na decisão de que não devo alimentar suas esperanças.
_ Por que, Marisa? Sabe que eu desprezo Penélope que me ama para ficar com você.
_Deixe Ricardo saber que ela anda correndo atrás de você, perseguindo-o por todo lado. Se ele descobrir ele é capaz de matá-la. Sei que ele é um homem violento.
_ Ele não fará isso. É alucinado de paixão por ela.
_ E você sabe também que amo meu marido. Por que rompeu com Rita? Ela só fala em você, está desnorteada com a separação.
_Não falemos nela. Falemos de nós dois.
_Pare, Sérgio! Preciso ir. Leve-me para casa agora!
_Está bem! Levarei você para casa, mas tenho uma coisa para lhe falar, Marisa!
Seguem no carro de Sérgio que perturbado e louco de amor e desejo quer provar para Marisa que ela pode aprender a amá-lo e não quer desistir de perseguir esse objetivo para ficar com ela.
_ Não insista! Pare! Você está me machucando!
_ Só um beijo.
_ Já disse! Basta!
_ Vai voltar para seu marido? Por que? Ele não quer mais nada com você. Está apaixonado por uma garotinha, bem, bem mais jovem.
_ Não quero lhe ouvir, é mentira! Jaime me ama. Nunca me trocaria por outra. Eu, mãe de seus filhos.
_Olhe lá. Ele está saindo de casa. Siga-o e verá como tenho razão.
Marisa deixa Sérgio que se sente vingado e disposto a não desistir.
Ela sabe que agora se sente insegura quanto a sinceridade de Jaime e espera uma oportunidade para provar a Sérgio que ele está equivocado. Resolve conversar com Jaime. Ele está com cheiro de álcool, se afasta dela. Marisa está desesperada; seu marido chegou tarde, estava realmente com outra? Chega para conversar, mas ele está totalmente transtornado. Marisa pergunta o que está acontecendo.
_ Você cale a boca, estou farto dessa vida!
Sai batendo a porta. Marisa vai atrás dele que entra no carro e dirige a toda velocidade. Marisa está preocupada e sufocada com o medo de perdê-lo. Não saberia viver sem ele. Não acredita que isto esteja acontecendo com ela. Ele voltará para casa. Resolve se controlar, esperar e descobrir o motivo de Jaime agir assim. Enquanto isso pensa nos últimos meses como tem sido; sua indiferença para com ela, suas ausência, sua preocupação com o físico e a aparência, seus cuidados em vestir roupas esportivas. Chora, ele não me ama mais, será verdade? E eu sempre trabalhando naquele hospital, não dei conta que o estava perdendo. Está me trocando por uma garota...Sinto-me a última das mulheres...Sem valor nenhum... Mas não ficará assim, não desistirei dele. E resoluta...
Na noite seguinte quando decide seguir Jaime e lutar por ele, vê que este se dirige a um barzinho frequentado por jovens. Entre eles vê uma garota que reconhece, colega de sua filha.
Jaime olha obcecado e apaixonado Jaqueline e a assedia, mas ela o ignora e o despreza embora ele insista e a persiga: uma adolescente de dezessete anos, descompromissada, imatura, cheia de sonhos, que procura rindo entre seu grupo de jovens, alguém para amar, porém, sem muito interesse. Ela ainda não ama ninguém.
Escrito por Lavínia Ruby em 28/09/2012. mariegracev

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