28 de setembro de 2021

Rivalidades

 

Rivalidades - Por L.R.



Não poderia se indispor com elas.

Mas não estava bem.

Conhecia-as perfeitamente, e elas não teriam nenhuma cerimônia em entrar em conflito com ela, mais ainda considerando-a sua eterna rival, e sabia que planejavam uma vingança.

Menos que isso ela não deveria esperar.

Conhecia-as bem, então como nunca, desta vez estava armada, resoluta, havia juntado toda sua força, as enfrentaria, custe o que custasse, mas lutaria contra toda mentira e calúnia, e contra todas três, para ficar junto com seu amor.

Não havia sido fácil todos esses anos, suster o seu casamento tumultuado pela sogra e pelas cunhadas que a detestavam, e requisitavam seu marido a todo o momento.

Agora que ele, enfim, tinha pela primeira vez na vida lhe dado razão, reunia forças para colocar a sua vida fora do alcance das megeras.

Como é possível que alguém possa suportar o que ela suportou, mais que tudo o abandono, as horas passadas só, enquanto seu marido, tão fraco e dependente eterno da mãe, não enxergava o quanto seu casamento era fragilizado por aquelas influências?

Um dia, em que parecia tudo estava perdido entrou, de repente, em sua casa e ouviu uma de suas irmãs e sua mãe agredindo sua esposa, falando com ela de tal maneira que caiu em si, nunca ficara tão indignado e considerou finalmente suas queixas.

Agora resolvera, enfim, mudar com ela dali, pedira transferência. Iriam morar bem longe e, finalmente, depois de tanto tempo, teriam uma vida só deles. Seriam felizes.

Sua mãe estava inconsolável, mas ele não iria recuar, já estava comprando até apartamento e logo iriam mesmo embora.

Dona Adelaide perdera a batalha. Suas filhas, tal como irmãs postiças da Cinderela estavam também relegadas à indiferença por parte de seu irmão, que agora, mais que nunca, demonstrava por sua esposa Eunice o maior carinho.

Talvez ele tenha percebido, antes tarde do que nunca, que ser criado pela mãe controladora, super - protetora e possessiva não tenha sido bom para ele. Não iria querer que o filho que Eunice esperava nascesse e criasse em companhia de sua família, mãe e irmãs solteironas e invejosas.

Naquela manhã em que se precipitaram as coisas, elas se atiravam em cima de Eunice, grávida de sete meses e não a poupavam. Aquilo para ele foi a gota d’água. Seu filho nasceria longe dali, em um lugar deles e em uma casa deles. Seriam felizes. Eunice tinha certeza disso.

D. Adelaide estava para jogar sua última cartada. Planejara uma doença, queria segurar o filho de qualquer maneira, e frente a Eunice e suas filhas, simulou um ataque do coração. Atrapalharia a viagem. Ele com certeza viria correndo. Não iria embora, ficaria com ela, sempre fora tão preocupado. Mas, o fato é que depois de preparado o golpe e mandasse que as filhas ligassem para seu filho, naquele momento em que fingia o ataque Eunice sentiu as dores do parto. Sua maldade era tanta, não quis poupar a nora e não ligaram e nem a levaram para ao médico. Eunice já não aguentava mais, implorando sua ajuda e das cunhadas, porém seu filho chega a tempo, mira a mãe farsante, entra e retira Eunice e a leva para o hospital onde com lágrimas nos olhos de alegria vê nascer seu filhinho.

Ele nem quis que a mãe o visse.

Dali mesmo, depois de alguns dias, partiu de avião juntamente com a esposa e o filho com destino à felicidade.

D. Adelaide chora de arrependimento. Suas filhas querem que eles voltem ou que as receba para conhecerem o sobrinho, mas seu irmão não lhes dá nem o endereço.

Para ele sua família hoje são os três. .



Criado por Lavínia Ruby em 21/07/10. mariegracev

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