Mistério - Por L.R.
Apesar de ter muito pouco, ela doava.
Lourdes era realmente uma pessoa de bom coração.
Achava que era sua vez de ajudar, não deixava para depois.
Quando alguém batia a sua porta ela nunca recusava ajudar as pessoas, inclusive conversava com elas, procurava saber de suas vidas, e era raro deixá-las no portão.
Recebia as pessoas na cozinha e à mesa e elas não deixavam de voltar novamente interessadas em tamanho carinho.
Lourdes fazia assim porque no passado queria ser uma freira, mas a doença do pai e sem ninguém para ampará-lo fez com que desistisse da ideia.
Na verdade depois de sua morte, não foi aceita, era doente, sofria dos nervos e muitas vezes fora internada pelos vizinhos para tomar medicamentos porque chorava sem parar e se deprimia profundamente.
O que fez com que melhorasse um pouco foi a prática da caridade.
Ela esquecia por completo de si, vivia voltada para o outro, seu próximo, e isso lhe trazia momentos de paz. Não pensava, nem receava a vida, não vinham à tona medos internos.
Quando chegava época do inverno Lourdes sabia que se passasse na vizinhança e pedisse era capaz de recolher muitos agasalhos e nisso ela não hesitava. Lá ia ela andando de casa em casa e enchendo a mala de roupas, depois ia até aos mendigos que já conhecia e distribuía-os conforme a necessidade.
Se havia doentes, comprava com seu próprio dinheiro o remédio, fazia uma sopa e ainda os alimentava dando colheradas na boca.
Lourdes era uma pessoa que tinha uma renda minguada, se submetia à perícia médica e constatando sua doença mental recebia uma miséria do INSS. Porém, achava suficiente para ela, mas complementava fazendo quitutes como: tortas salgadas, salgadinhos e doces sob encomenda. Em virtude de ajudar aos pobres também não guardava o dinheiro total das vendas e nem vendia tudo, que era destinado a alimentar seus dependentes.
Muitos desses pobres eram pessoas que nasceram ali mesmo, naquela cidade, mas há um tempo havia um senhor com uma criança sempre sentada no vão de um muro de uma casa e uma cerca do campo de futebol do bairro. Era para ela uma órfã de mãe e seu pai.
O homem aparentava ser bem doente, tinha suas mãos trêmulas e usava muletas. Andava maltrapilho e não se aproximava das casas, mas estendia o chapéu aos transeuntes. Lourdes queria se aproximar, algo a chamava para travar conversa, mas ao mesmo tempo sua mente doentia a impedia de ir: _Dizia-lhe: _Conversar com um homem estranho? _Não vá!
Mas pela criança e por um auto domínio muito grande de seu medo venceu a si mesmo e foi até lá. A criança aparentava quatro anos, engraçadinha, bonitinha, mas muito suja.
Quando Lourdes quis conversar com ela se encostou ao homem e se recusou a pelo menos sorrir, embora Lourdes lhe tenha dado um pirulito. O homem agradeceu Lourdes e disse que ele não precisava de ajuda, mas Maria sim e mostrou a criança.
Lourdes se espantou quando ele disse que há tempos a estava observando. _Como disse? Ele simplesmente a olhou profundamente.
_Para mim nada é ocultado. Quando você queria e não podia ser freira e então abraçou a missão de ajudar aos pobres, fez a coisa mais importante que um ser humano poderia fazer aqui na terra, por isso digo que como você ajudou muita gente agora precisa ser ajudada. Eu quero que você saiba que sua alma é tão pura, tornou-se tão pura que ela é igual a dessa criança. Quero que você a adote. Verá que ela vai transformar sua vida.
Lourdes dizia: _Acho que não sou capaz!
_ Será sim! E foi embora rapidamente e a criança não o seguiu.
Deu sua mãozinha para Lourdes que a levou para casa.
Hoje, vinte anos depois, curada, quando olha nos olhos de Maria de Lourdes ela sabe que tudo que fez no decorrer de sua vida se justificava pelo prêmio que havia ganhado.
Criado por Lavínia Ruby em 20/05/10. mariegracev
Mistério - Por L.R.
Apesar de ter muito pouco, ela doava.
Lourdes era realmente uma pessoa de bom coração.
Achava que era sua vez de ajudar, não deixava para depois.
Quando alguém batia a sua porta ela nunca recusava ajudar as pessoas, inclusive conversava com elas, procurava saber de suas vidas, e era raro deixá-las no portão.
Recebia as pessoas na cozinha e à mesa e elas não deixavam de voltar novamente interessadas em tamanho carinho.
Lourdes fazia assim porque no passado queria ser uma freira, mas a doença do pai e sem ninguém para ampará-lo fez com que desistisse da ideia.
Na verdade depois de sua morte, não foi aceita, era doente, sofria dos nervos e muitas vezes fora internada pelos vizinhos para tomar medicamentos porque chorava sem parar e se deprimia profundamente.
O que fez com que melhorasse um pouco foi a prática da caridade.
Ela esquecia por completo de si, vivia voltada para o outro, seu próximo, e isso lhe trazia momentos de paz. Não pensava, nem receava a vida, não vinham à tona medos internos.
Quando chegava época do inverno Lourdes sabia que se passasse na vizinhança e pedisse era capaz de recolher muitos agasalhos e nisso ela não hesitava. Lá ia ela andando de casa em casa e enchendo a mala de roupas, depois ia até aos mendigos que já conhecia e distribuía-os conforme a necessidade.
Se havia doentes, comprava com seu próprio dinheiro o remédio, fazia uma sopa e ainda os alimentava dando colheradas na boca.
Lourdes era uma pessoa que tinha uma renda minguada, se submetia à perícia médica e constatando sua doença mental recebia uma miséria do INSS. Porém, achava suficiente para ela, mas complementava fazendo quitutes como: tortas salgadas, salgadinhos e doces sob encomenda. Em virtude de ajudar aos pobres também não guardava o dinheiro total das vendas e nem vendia tudo, que era destinado a alimentar seus dependentes.
Muitos desses pobres eram pessoas que nasceram ali mesmo, naquela cidade, mas há um tempo havia um senhor com uma criança sempre sentada no vão de um muro de uma casa e uma cerca do campo de futebol do bairro. Era para ela uma órfã de mãe e seu pai.
O homem aparentava ser bem doente, tinha suas mãos trêmulas e usava muletas. Andava maltrapilho e não se aproximava das casas, mas estendia o chapéu aos transeuntes. Lourdes queria se aproximar, algo a chamava para travar conversa, mas ao mesmo tempo sua mente doentia a impedia de ir: _Dizia-lhe: _Conversar com um homem estranho? _Não vá!
Mas pela criança e por um auto domínio muito grande de seu medo venceu a si mesmo e foi até lá. A criança aparentava quatro anos, engraçadinha, bonitinha, mas muito suja.
Quando Lourdes quis conversar com ela se encostou ao homem e se recusou a pelo menos sorrir, embora Lourdes lhe tenha dado um pirulito. O homem agradeceu Lourdes e disse que ele não precisava de ajuda, mas Maria sim e mostrou a criança.
Lourdes se espantou quando ele disse que há tempos a estava observando. _Como disse? Ele simplesmente a olhou profundamente.
_Para mim nada é ocultado. Quando você queria e não podia ser freira e então abraçou a missão de ajudar aos pobres, fez a coisa mais importante que um ser humano poderia fazer aqui na terra, por isso digo que como você ajudou muita gente agora precisa ser ajudada. Eu quero que você saiba que sua alma é tão pura, tornou-se tão pura que ela é igual a dessa criança. Quero que você a adote. Verá que ela vai transformar sua vida.
Lourdes dizia: _Acho que não sou capaz!
_ Será sim! E foi embora rapidamente e a criança não o seguiu.
Deu sua mãozinha para Lourdes que a levou para casa.
Hoje, vinte anos depois, curada, quando olha nos olhos de Maria de Lourdes ela sabe que tudo que fez no decorrer de sua vida se justificava pelo prêmio que havia ganhado.
Criado por Lavínia Ruby em 20/05/10. mariegracev

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