Sonho ou Realidade? - Por L.R.
Era com certeza um pesadelo. Aquilo que invadia o seu sono só podia ser. Como é possível que uma pessoa esteja vivenciando coisas tão impressionantes que na realidade não existem?
Pelo menos não havia, nem teria nunca estado ou passado por lugares assim. Mas ao mesmo tempo estava acordada. No seu sono ela não estava, pois, havia mirado seu quarto, seu marido ao lado e até tinha consciência de ter ido até o banheiro. Mas não lembrava agora de ter voltado para a cama. Como poderia ter nessa ida se embrenhado por caminhos tão estranhos que agora a amedrontavam assim?
Era como se andasse em um lugar vazio, às vezes multicolorido, às vezes, tomava uma só cor verde, e, de repente, surgiam vultos correndo desordenadamente à sua frente e depois desapareciam e outra cor, o azul, depois as silhuetas com contornos escuros, negros que se transformavam em formas geométricas tal qual um caleidoscópio, depois vinha o amarelo com tons laranja, vermelho, azuis e brancos que se incendiavam e que a envolviam em chamas e ela sentia o seu corpo queimar como se estivesse com febre. Corria, e atravessando aquele campo que pisava, agora em cinzas, solo coberto por destroços negros e corpos amontoados, lugares devastados, queria achar uma saída, mas tudo era fechado. Em volta, muros que a cada olhar iam subindo e crescendo, como se pedreiros estivessem colocando tijolos, trabalhando com mãos invisíveis. Então ela se batia de encontro às paredes, tentando encontrar uma forma de sair ou tentava escalar o muro e caía, caía, caía, num abismo escuro, aberto, sem fim, despencando com pernas e braços abertos e gritando desesperada, rosto aterrorizado, olhos esbugalhados que vislumbravam a morte em forma de um pássaro pré-histórico, mas com feições humanas esvoaçando à sua volta e sorrindo cinicamente, dando uivos e urros como se fosse uma fera. Ela sentia a batida de seu corpo no chão macio que lhe impulsionava para cima como uma mola, para depois novamente cair e saltar, e muitas vezes, até a exaustão. Depois, como uma BONECA DESENGONÇADA, saía daquela brincadeira para observar brinquedos estranhos, desmontados, com peças espalhadas como uma fábrica desorganizada, e ao fundo desta, estava só um operário que lidava com uma máquina e que convidou-a para entrar. Ela se recusava olhando-o com medo. Balançava negativamente a cabeça. De repente, foi conduzida como se estivesse em uma esteira rolante para dentro da máquina, e de pé, no centro dela recebendo um facho de luz nos olhos, muito forte, que a deixou momentaneamente cega, mas que neste intervalo sentiu que viajava vertiginosamente por várias galáxias e em cada uma conseguia perceber as suas formas diminutas, como se ela fosse gigantesca e o universo fosse bem pequeno.
Quando estava novamente em sua casa, de pé, no banheiro, notou o vitrô aberto, escancarado, e no chão a seus pés, uma cabeça de boneca.
Criado por Lavínia Ruby em 22/04/10. mariegracev

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