Rir para não chorar - Por L.R.
Tentei mas não consegui parar de rir. Até lágrimas nos olhos brotaram; precisei sentar e procurei uma cadeira, depois foi no chão mesmo que desabei sem me preocupar se as pessoas iriam achar que eu estava histérica e louca, mas não me detive aí, rolei e fiquei de bruços enquanto meu corpo se acalmava, mas para mim bastava relembrar o passado e ver que, enfim, estava tudo acabado e aquele alívio me havia provocado aquele riso, para recomeçar com a risada incontrolável, até...até ficar séria e não achar mais graça nenhuma. Mas não chorei, por que choraria? Em outras ocasiões, sim, mas naquela não. Já havia chorado em vários sepultamentos de pessoas muito queridas: meus avós, minha mãe, meu pai, meus tios e tias, alguns primos mais chegados, alguns amigos, poucos, um de minha infância, acidentado, outros, companheiros atuais, ou por ver que os entes queridos estavam inconformados, então as lágrimas explodiam sem querer, por pena daquelas pessoas e o que elas estavam sentindo.
Depois passaram-se alguns anos e como as pessoas mais idosas, conhecidas, já teriam seguido seu caminho em direção ao julgamento de Deus, passou-se um tempo sem que eu assistisse a um sepultamento. Em Finados ia ao cemitério rezar e colocar flores nos túmulos de meus pais e parentes mas procurara me afastar dessa miséria humana sem, contudo, deixar de recordá-los em minhas orações diárias.
Naquele dia, porém, aconteceu. Não quero ir para o inferno, mas isso não depende de mim, eu sei que sou pecador, mas não sou assim porque quero, é mais forte do que eu, e Deus é testemunha que minha alma tentou lutar com todas as forças contra isso, tento controlar meus pensamentos para evitar maldades. Ah! Isso sim eu faço! Naquela hora eu queria era rir mesmo. Que controle que nada, para não rir? Não, não tive a mínima vontade.
Interrupção- Aqui eu mudarei de assunto porque não contarei realmente porque Lavínia Ruby estava rindo e não chorando numa ocasião igual a essa. Sigo com o que possivelmente poderia acontecer com duas outras pessoas em situações semelhantes.
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Estava eu, então ali, acabara de chegar, e muitas, muitas mesmo das pessoas que participavam do velório estavam em pranto, outras só quietas, silenciosas, e um grande grupo em um murmúrio sem fim. Nunca vi tanta conversa jogada fora naquela hora, mas o fato é que havia gente demais, políticos demais, parecia um comício.
Então me aproximei do caixão daquela pessoa, muitos olhares em cima de mim, antes já havia apresentado as minhas condolências aos familiares e amigos do partido, chorosos, soluçantes, desmaiantes e todos julgavam que eu iria me unir a eles, pelo menos naquele momento, nessa demonstração de perda de um ser humano especial, sentir saudades e arrependimentos por ter feito isso ou aquilo, pró e contra o defunto, louvações pelo que ele havia sido, mas o fato é que quando o vi ali inerte me deu um alívio tão grande, uma satisfação por não ter sido eu a vítima, porque eu sei que ele também torcia para que eu não o alcançasse, porém, ele não viveu para assistir o espetáculo que eu dei, a rizada que eu não contive por ter ganho a aposta. Sei que estava fazendo um papelão perante todo mundo mas não me preocupei. Ele era meu principal opositor, contava com o apoio popular e as pesquisas o indicavam vencedor. Eu não teria chance, mas por minha sorte, ele não chegou lá. O acidente automobilístico tirou-o da jogada e não foi culpa minha, juro! Agora o meu caminho estava aberto! Porém, no fundo do meu coração eu chorava porque ele sempre foi o melhor, eu mesmo me julgava incapaz e depositava era nele as esperanças de fazer o nosso país melhor.
Escrito por Lavínia Ruby-15/08/2017- mariegracev

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