27 de setembro de 2021

Mudança Radical

Mudança Radical - Por L.R.

 



Há muito tempo que as coisas não iam bem.

Aquele bar ali no centro da cidade montado há vinte e três anos, era herança de seu pai e ele depois de sua morte, assumiu a gerência.

Sua mãe agora viúva, não queria naturalmente que ele o vendesse e tendo a sua parte, o impedia de fazê-lo, pois, fora durante muito tempo seu único sustento.

Só que Manuel não gostava de trabalhar e as coisas corriam de qualquer jeito. Instalações velhas, faltavam bebidas e faltavam comidas.

Os funcionários que eram dois e que há muito estavam ali trabalhando, não queriam perder o emprego, mas também não se importavam na conservação, na limpeza e não se responsabilizavam pela qualidade do ambiente no local, tendo em vista que o patrão sumia a maior parte do dia, rapaz irresponsável e que cantava as freguesas que lá apareciam e saía com elas, levando com ele a féria do dia.

Gertrudes sua mãe, não sabia mais o que fazer. Com o seu filho sem juízo e o bar agora entregue aos empregados que pouco se importavam. Se fossem mandados embora exigiriam seus direitos.

Manuel, enquanto sua mãe ficava atrás do balcão, se preocupava ainda menos, e quando chegava ao bar e ela estava lá, com certeza ouvia um sermão.

O ambiente, às vezes pesava, porque ali no centro, naquela região, e o aspecto que agora tinha o barzinho, era um local apropriado para se aglomerar aquela espécie de arruaceiros, drogados, beberrões e mulheres de má fama.

Assim, Gertrudes ficava cada vez mais preocupada, porque ela com cinquenta e nove anos não tinha proteção do filho e de ninguém.

Então colocou finalmente uma placa: Vende-se - do lado de fora da porta esperando que alguém se interessasse por ele. Depois iria a uma imobiliária ali perto e colocaria o bar e a casa, pois, moravam nos fundos e se vendesse o bar gostaria de sair definitivamente dali. Quem sabe Manuel mudasse de vida.

Foi então que aconteceu:

Manuel irresponsável tomou-se de amores por uma das moças que ali frequentava, e ela era namorada de um sujeito mal-encarado que só aparecia de vez em quando porque a polícia estava sempre rondando por ali, e esse indivíduo a evitava.

A mulher estimulava Manuel com aquele jeito sedutor e provocante e ele saiu com ela algumas vezes, sem medir as consequências.

O resultado foi ser encontrado morto, baleado, debaixo do viaduto há três quarteirões dali.

Gertrudes queria morrer. Seu único filho. Haveria desgraça maior?

Tudo por causa do bar. Não se conformava. Estava tão desesperada, quase ficou louca. Teve que se refugiar na religião. Pedia para Deus lhe ajudar. Só, desesperada com o bar para cuidar e não conseguia vender.

Na igreja o pastor escutou suas preces, compreendeu sua angústia.

Disse que iria ajudá-la. Precisava de um local para a instalação de uma pequena igreja no centro.

Ampliar os seus templos.

Então o bar de Gertrudes foi alugado pela igreja, reformado e o ambiente tão pesado com aquelas almas condenadas, agora se transformara com os cânticos e as orações. Houve procura por parte dos frequentadores do local que há muito acostumados, se entusiasmaram com a mudança radical de vida.

Gertrudes feliz rezava pelo filho e cuidava todos os dias da limpeza da igreja, bem como seus antigos empregados que a deixavam brilhando.



Criado por Lavínia Ruby em 21/05/10. mariegracev



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