Excursão Escolar - Por L.R.
O caminhão de carroceria aberta com alguns bancos distribuídos e fixados nela, transportava aquelas meninas adolescentes sentadas atrás.
Eram bem umas trinta garotas e duas irmãs, de hábitos negros e brancos. Naquela corrida louca pela estrada de terra, numa manhã de outono, as árvores frondosas, os campos, os cafezais, as fazendas ao longo da estrada com suas casas cercadas de currais, os cavalos, as vacas pastando ao longe, silenciosas e cabisbaixas, tudo era agradável de se ver.
O trabalhador rural que carpia a roça levantava sua cabeça e olhava a estrada para ver o caminhão na sua corrida com aquela carga barulhenta de canções gritadas, gargalhadas descompromissadas sem intervalos, e ao mesmo tempo, um esvoaçar de cabelos pretos e amarelos e dois véus negros, austeros, censurando tudo; então só podia parar,observar, encantar e imaginar loucuras, frente a todas as jovenzinhas belas e irreverentes que ali viajavam.
Seguiam seu destino: uma cidadezinha onde disputariam um jogo de vôlei, entre estudantes.
Antes, porém, fariam um piquenique em uma cachoeira ali perto, lugar onde o caminhão parou. O local era coberto por uma relva verde. Ali elas se trocaram e foram brincar na água sob o olhar vigilante das irmãs, que a cada minuto, chamava a atenção de alguém. Depois de um lanche, foram para a cidade onde uma multidão esperava para ver o jogo. Trocaram-se no vestiário, e começou a partida com muito bem desempenho dos dois times; e no final, elas acabaram perdendo no quinto set, no Tae Break com muito pouca diferença por número de pontos, o que fez com que fossem bastante elogiadas.
Depois, haveria ainda por brincadeira, partida de ping pong e foi muito divertido quando vários grupos se formaram entre os jovens que ali se reuniram.
As irmãs já não conseguiam controlar suas meninas que já àquela altura, estavam loucas e ansiosas para fugir de suas vistas. Elas ficaram preocupadas, rezando, perguntando e chamando a cada momento por uma e outra; e assim foi muito tempo de brincadeiras, passeios, diversões, paqueras e ah, paqueras!
Como as irmãs não pensaram nisso? Estavam sob sua responsabilidade.
Quando todos se despediam para subir de volta ao caminhão, agora com uma lona protetora na carroceria, contaram as alunas. Joana, Lúcia e Marlene as mais comportadas e CDFs do grupo, apontavam as faltantes que ainda não haviam chegado. As irmãs estavam furiosas quando estas finalmente apareceram com os rostos afogueados e despenteadas e algumas folhinhas nas blusas desabotoadas. Estavam envergonhadas, e as irmãs quase mortas de preocupação não sabiam se adiavam a volta e conversavam agora, ou conversavam depois, indo embora agora. Mas a turma já estava cantando:
_Adeus amor, eu vou partir... E o motorista, com o motor funcionando, precipitou a decisão, e todas se acomodaram no caminhão com as cobertas nos joelhos.
Já esfriava, enquanto o caminhão seguia pela estrada de terra poeirenta percorrida de manhã.
Naqueles coraçõezinhos juvenis, o que se passava? Recordações doces de sucessos de um dia feliz... Bem vivido... Intenso... Amor florescente... Nenhum arrependimento... Sonhos realizados e planejados antecipadamente. Todas sem exceção estavam satisfeitas... Nota dez para o dia...
Porém, as irmãs, agora rezando baixinho em suas clausuras, pediam a Deus perdão porque haviam cometido o pecado... da INVEJA.
Criado por Lavínia Ruby em 29/03/10. (baseado em fatos reais) mariegracev

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