7 de setembro de 2021

Papéis e Cenários

                                         Papéis e Cenários - Por L.R.

 


                                         _Encenar o quê? _O que farei? _Alguma idéia? _Alguma sugestão? _O que posso dizer ou fazer para transportar meus sentimentos com tamanha perfeição ao público ávido por emoções? _Não sei! Talvez outra cena de amor não correspondido, de um beijo roubado, de sexo atrás de um cortinado de renda, de crime passional, de briga violenta entre bandido e polícia, de gritos abafados por um estrangulamento, de blasfêmias sem censura religiosa, de palavras sujas e cruéis, de barulho de choro em meio a palavreados doces e cheios de ternura, de disseminação de discórdias dentro de uma família, de apaziguamento de ânimos com orações e conselhos, de entorpecimento pelo cansaço, de fingir loucura em meio aos realmente loucos, de se embebedar sem se pôr ridículo, de trapacear seu melhor amigo, de atormentar-se sem motivo aparente, de se sentir são estando doente, de crer ser amada quando se é mal-amada, de se sentir só envolvida por uma multidão, de pensar estar em lugar deserto estando em um oásis, de estar em uma praia de nudistas, de estar em uma cidade submarina, de estar em um quarto chique de um hotel vagabundo ou estar em uma república organizada de estudantes desordeiros, de estar em companhia de um marido incorreto, de estar com um amante assustado, de estar com um noivo virgem, de estar com um namorado enrolão ou um ficante galinha qualquer que não sabe se quer ser homem ou mulher, de estar com seu filho adolescente comilão ou com seus filhos questionadores traquinas, ou com um bebê amamentando pensando no resultado de suas chupadas, de estar com seus velhos pais cuidando deles, ou pensando onde melhor estariam, de estar com suas amigas traíras ou seus amigos da onça em um bar, de estar em um salão dançando uma valsa ao som de um piano desafinado, de estar em um campo minado ou em uma boate dançando músicas loucas, bebendo um guaraná, ou um uísque, fumando uma cigarro, maconha, ou se viciando em uma droga mais pesada, de estar moribundo em um leito de hospital ou deitada com seu namorado em um campo fazendo um “piquenique” ao ar livre, de estar assistindo a um jogo de futebol de seu time favorito que só perde, de estar em um cinema assistindo um filme comédia, em um teatro ouvindo uma ópera, de estar com o MP3 Player ao som de sua música favorita, de estar comendo seu prato preferido, ou mastigando uma fruta ou saboreando um sorvete ou chocolate, o que é que você quer estar a fazer, quem você quer ser? Maria? Quer ser José? Quer ser Alice ou quer ser Tomé? _Quando você se decidir a ser, estar ou fazer alguma coisa, pense tão somente que não precisa se transportar, somente enriqueça sua mente e escreva... escreva...escreva...escreva...se fantasiando do que você mais gostaria, deixe que os personagens invadam sua vida às vezes tão vazia, mas ás vezes tão cheia de coisas que não é possível que venha a extravasar o que ali se passa, até parece que você não cabe dentro de si. Então se liberte, interprete, faça-se artista a cada hora, a cada minuto, a cada segundo, pense ser outra pessoa, pense estar em um outro lugar, pense estar com outra ocupação, com outra roupa, com outro nome, com outra cara, mas nunca a sua, senão você nunca deixará de ser você mesma. Encene, tudo aqui é palco. 

 

Escrito por Lavínia Ruby em 13/03/11. mariegracev

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