Indefesa - Por L.R.
_Procure dormir!
_É tão bom estar com você agora, sossegado! Finalmente acabou.
_Parece que não! Não aguento esse choro. Será que não vai parar? Já mamou! Que mais quer?
_Fique calma! Vamos ver o que é! Talvez tenha que trocar.
_Faça você! Estou cansada!
_Está bem!
_Finalmente dormiu.
_Tem que haver uma solução. Arrumamos uma babá.
_Não ganho o suficiente.
_Mas assim não dá. Essa responsabilidade para mim?
_Não falemos nisso agora. Preciso dormir. Não sei se conseguirei. Estou com remorsos.
_De quê? Por que estávamos juntos? Deve é ficar aliviado. Sua esposa já era. Podemos nos casar agora. Se não fosse o bebê...
_Não fale assim! É minha filha. Você tem que fazer um esforço e aceitá-la. Quanto ao casamento, esperemos um pouco.
_Sobrou para mim. Morrer de parto. E agora esse empecilho em nossas vidas.
_Olhe, Elizabeth! Eu a amo muito, mas se você falar assim, irei deixá-la, então quero ver você arranjar alguém que a ame como eu e que faço qualquer coisa por você. Não me olhe assim! Minha filha? Não!
_Não me leve a mal. Você não disse qualquer coisa? Bem, é verdade, meu amor! Desculpe-me ! O bebê que me deixa nervosa.
_Amanhã verei se arranjo alguém para ajudá-la.
_Faça isso, por favor!
Três meses depois...
“Ainda bem que está crescendo rápido essa menina e poderei colocá-la no chão. Às vezes tenho que me controlar para não fazer uma besteira, como sufocá-la quando chora, dar-lhe alguns beliscões. Rosa pode perceber e me denunciar. Bem que ela poderia ficar mais tempo aqui. Dormir aqui. Então poderia ignorar essa criança. Que saco! Ter que ficar com ela. Por mim a entregaria para um orfanato”.
Seis meses...
“Já está debaixo da mesa engatinhando. Por que fica me olhando desse jeito? Parece que entende o que faço e meus sentimentos para com ela. Mas só não lhe dou a mamadeira, nem lhe troco tanto as fraldas e deixei que seu nariz escorresse. Que culpa tenho se ela exige mais do que posso dar”?
Oito meses...
_Está magrinha, minha filhinha!Rosa está tratando direito dela? Venha aqui com papai, Mariazinha! Por que está com medo? Eu não mordo; e por que esse beicinho? Não quer ir com Elizabeth?
_Como falta essa empregada! Se a registrarmos, faltará menos. Poderá dormir em casa, pois mora longe. Esta menina é birrenta, não gosta de mim. Não sei por quê. Amor, já andei me informando. A creche já aceita crianças dessa idade, e em período integral.
_Então podemos dispensar a Rosa.
_Não, meu bem! Estou grávida! Um Filho Nosso.
_Que ótimo! Estou muito feliz! Teremos então dois bebês!
_E é melhor ao invés de dispensar, registrar a Rosa. Precisarei dela demais quando Nosso Filho nascer.
_É, terei que fazer horas extras para complementar o salário. Mas é a saída.
_E a creche?
_Iremos ver a creche amanhã. Está bem, Elizabeth querida?Estou muito feliz com a notícia. Tenho que trabalhar mais. A família está crescendo.
_E quanto ao casamento? Não gostaria de esperar. Estou de dois meses.
_Podemos aproveitar e ir ao cartório.
_E também na igreja, quero casar com véu e grinalda.
_Se a Mariazinha fosse maior poderia levar as alianças.
_Ainda bem que não é. Não! É melhor que fique em casa com a Rosa. Criança chora e amola muito na igreja. Não quero que nada perturbe a nossa felicidade.
Elizabeth pensando:
“Depois de casados, darei um jeito de desocupar o quarto de Mariazinha. Meu bebê ficará nele e Mariazinha que durma com a Rosa na edícula. Quero essa menina o mais afastada possível daqui de casa e do meu bebê”.
Um ano e seis meses depois...
A diretora da creche em uma conversa com o pai:
_Mariazinha gosta muito da creche, porém chora muito quando é deixada em casa, abraçando com toda força a ajudante. Temos que descobrir a causa desse comportamento em sua criança. Aconselho o acompanhamento com uma psicóloga.
Edgard se entristece. Fica pensativo. Sabe o motivo do comportamento de Mariazinha. Falará seriamente com Elisabeth. Porém o que poderá, além disso fazer? Não quer afastar-se de sua filha, mas como defender Mariazinha de sua madrasta?
Escrito por Lavínia Ruby em 19/08/2013. mariegracev

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