Cogitações durante uma viagem inacabada - Por L.R.
Que por do sol admirável. Tudo é perfeito. Deus é perfeito. A natureza é surpreendente. Crepúsculo vermelho. Sol vermelho. As sombras já estão tomando conta. A tarde declina. A noite desperta. Vai se tornando evidente, se pronunciando cada vez mais.
O carro corre sobre o asfalto entre cem e cento e vinte quilômetros por hora. Eu passageiro observo o que se desenrola.
No meio da penumbra as luzes se acendem e eu vejo à minha frente pares de lanternas vermelhas em movimento; seguimos atrás delas. São centenas as que vão avançando por esta pista sem fim, por essa rodovia separada por um canteiro.
Também lanternas isoladas das motos, viajantes solitários ou acompanhados da carona nos ultrapassam a toda velocidade, até as luzes se extinguirem.
Do outro lado da pista, mais luzes. Elas se aproximam aos pares, amarelas e brancas, em sentido contrário a nós. Nesse interminável vai e vem de veículos, da claridade em movimento, vejo muitas outras, salpicadas em vários pontos e depois mais concentradas. São os postes com suas demarcações estabelecendo os limites das avenidas, das ruas.
Agora, somando-se a essas luzes estáticas, as luzes acesas das casas, dos prédios e de todas as construções que compõem as cidades, onde se integram com as luzes da iluminação pública, as luzes dos carros e as luzes dos anúncios e propagandas.
Tudo é uma mistura que se espaça ou se aglomera, iluminando um grande território onde vivem os seres humanos que pensam, sonham, sofrem e amam; unidos ou solitários como os que viajam nesses carros, nesses caminhões, nessas motos que correm em direção aos seus destinos.
Lá adiante, luzes que atravessam a rodovia: vermelhas e verdes, faiscando continuamente, emitindo sinais de alerta: um pedágio. Aproximando nós distinguimos a luz amarela pedindo para parar.
Lá na frente as luzes próximas de um posto de gasolina. Por toda parte as luzes na escuridão da noite.
Atravessamos as cidades: grandes, pequenas, os bairros, os sítios.
Uma luzinha perdida no meio de um matagal; uma choupana talvez.
Uma bicicleta rolando no acostamento; a luz de uma lanterna, um homem empurrando.
Olho para o céu e vejo acendendo e apagando a luz vermelha de um avião. Quantas pessoas lá em cima. Não estão com os pés no chão, mas trazem com elas os mesmos sonhos, os mesmos sentimentos que todos aqui embaixo trazemos. Talvez com menos segurança que nós por estarem tão perto das estrelas.
Sim, agora encontro essas luzes de origens fantásticas, uma mais brilhante é Vênus. Infinitas luzes incontáveis e imensos corpos luminosos, uns mais perceptíveis, outros tão distantes, tão minúsculos vistos daqui, mas que se assemelham muito com as luzes daqui da terra. O céu e a terra se encontram.
De repente volto à realidade.
Ah! Não sou somente um passageiro. Sou um pobre motorista, cujo destino estava traçado. É tarde para voltar atrás.
Eu agora vejo que estou me aproximando rapidamente das luzes vermelhas das lanternas de um caminhão. Não dá para impedir, não dá para evitar. Meu Deus! Vão se apagar para sempre as luzes dos meus olhos.............................................................................................. .......PRRRRRRRRRRRRRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.......................................
_Quanta gente! Que tragédia! Meu carro em pedaços, eu ali...Morto? Eu...Você?
_Sua viagem ainda não acabou.
_Quem é você?
_Estive o tempo todo com você. Era sua hora. Hora de reflexões. Agora deves seguir sozinho.
_ Senti que me conduzias. Mas para onde?
_ Vês aquela luz branca e estranha com intensa claridade no fim do túnel? Deves caminhar naquela direção.
_Sim...Sim....Sim...Eu continuarei minha viagem...
Escrito por Lavínia Ruby em 09/09/2013. mariegracev

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